Os meus segredos para ter sucesso em concursos públicos
Métodos de estudo comprovados cientificamente, gestão de tempo e de estudos e, claro, uma boa dose de filosofia estoica e autodisciplina severas. Vou contar alguns dos meus segredos para você.
O inscrito Vaz promoveu um texto com as seguintes questões sobre preparação para concursos públicos:
Opa blz ? Recentemente, iniciei meus estudos para concursos públicos que apresentam um elevado índice de concorrência em relação às vagas disponíveis. Neste sentido, tenho enfrentado dificuldades em me orientar quanto ao aprofundamento nos conteúdos e métodos adequados de estudo. Além disso, tenho encontrado desafios na elaboração de resumos ao ler materiais grandes ou técnicos.
Dividirei por partes e vou responder cada uma das questões, inclusive abordando alguns aspectos gerais.
Concursos altamente concorridos
Concursos altamente concorridos não são necessariamente bons concursos.
Por vezes, esses concursos estão apenas no hype e são mais acessíveis para a maioria das pessoas, o que não significa que tenham os melhores salários e as melhores condições de emprego.
INSS, Caixa, Banco do Brasil, dentre outros, tendem a ser concursos bastante concorridos com quantidades colossais de inscritos, e isso se deve mais ao hype e ao fato de serem nacionais do que propriamente às condições de emprego e salário.
Por exemplo, o meu concurso foi para um Banco regional público, e a prova teve a mesma banca que a do Banco do Brasil (Cesgranrio), e não teve redação.
Com meu salário e vale somados, ganho mais que bancário do Banco do Brasil.
E se somarmos todas as remunerações, inclusive as variáveis, em termos líquidos e dividirmos por doze, o meu salário líquido mensal é maior que o de Técnico do INSS.
Com menos de dois anos e algumas promoções internas da carreira, dá para ganhar mais que um Analista do INSS.
Não se pode desconsiderar também benefícios tangentes, como o plano especial de saúde e odontológico, e outros prêmios que se pode ganhar internamente por bater as metas (celular, notebook, viagens, etc.)
Na carreira bancária, ainda é possível subir para cargos superiores que disponibilizam carro, auxílio total com gasolina, auxílio com aluguel, etc.
Então, o custo-benefício do meu concurso foi ÓTIMO se comparados aos concursos do hype.
Eu tive que enfrentar menos concorrência para ter benefícios iguais ou até maiores que os concursos hypados.
São vários fatores que devem ser ponderados na hora de escolher um cargo. E é importantíssimo também analisar as micro e as macrorregiões, a distribuição de vagas.
A minha microrregião foi extremamente concorrida.
Ela concentrava cidades que eram polos universitários, teve poucas vagas disponíveis e uma quantidade levemente desproporcional de inscritos.
Enquanto na minha micro eu fiquei em terceiro de 4 vagas disponíveis, em diversas outras microrregiões eu teria ficado tranquilamente em primeiro de 20 vagas, por exemplo.
A pior nota da minha microrregião (do concorrente que ficou em quarto colocado) era suficiente para ser primeira nota em diversas outras microrregiões.
Ou seja, note que concorrência e quantidade de vagas são termos mais variáveis e relativos do que podemos pensar.
A psicologia da concorrência
É muito comum também que a alta quantidade de concorrentes minem a nossa confiança e atrapalhem a nossa preparação.
Eu sei disso porque eu passei diversas vezes por essas “crises de confiança”:
“São muitos inscritos e poucas vagas… eu não tenho chance”
“Existem concorrentes melhores que eu, não vou conseguir…”
“Com certeza tem gente muito mais capacitada e com muito mais tempo de preparação…”
Sempre que eu começava a ter pensamentos intrusivos desse tipo que tentavam me levar a ter crenças limitantes, eu me lembrava imediatamente de um princípio estoico:
“Das coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o juízo, o desejo, a repulsa –em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos –em suma: tudo quanto não seja ação nossa. ” Manual de Epicteto
A quantidade de concorrentes e de vagas é coisa que não está sob nosso controle. Simplesmente é um fato dado da realidade, estabelecido pelo edital e pela quantidade de inscrições.
A qualidade da concorrência também não é algo que está sob o nosso controle.
O que está sob nosso controle?
Nossa preparação!
Estudar da melhor forma possível, quanto tempo tiver disponível, e se focar exclusivamente em ser aprovado.
Eu convertia esses pensamentos intrusivos em motivação.
Sempre que eu era tomado por eles, eu imediatamente redirecionava para pensar em como estudar melhor, como estudar mais, e assim por diante.
Meu foco estava integralmente nisso, assim como ensino naqueles protocolos de “Modo Caverna” e “Modo Ghost” no canal.
Quais métodos de estudo escolher?
São tantos métodos, tantas técnicas, tantos vendedores de métodos e técnicas, que ficamos confusos.
Eu li diversos livros sobre o tema, inclusive pesquisas científicas. Minha ideia era entender a psicologia cognitiva, testada e comprovada, sobre memorização, provas de reconhecimento, etc.
Mas para me ajudar, vou recomendar dois produtores de conteúdos ótimos focados nisso:
Os conteúdos deles são totalmente voltados para concursos e métodos de estudo.
Agora, vou dar uma pincelada em como eu fazia as coisas, mas lembre-se que isso não é tão “objetivo” quanto gostaríamos: o meu método de estudo foi uma mistura de hábitos de estudo que eu já tinha com algumas técnicas e métodos que fui conhecendo por livros e criadores de conteúdo como esses dois que citei.
Inclusive, devo deixar claro que eu constantemente estava questionando meus próprios métodos, técnicas e vendo alternativas, para “testar” outras possibilidades, fazer autocríticas, etc.
Não faça resumos.
Resumos são lentos, demorados e a revisão por releitura já é amplamente considerada ineficiente para a memorização.
A hipótese mais aceita sobre qualidade da memorização por revisão é a recuperação ativa.
A recuperação ativa, ensinada no livro Fixe o Conhecimento, e também ensinada pelo prof. Diogo Moreira, consiste em você tentar recuperar os conteúdos de forma ativa mentalmente, sem fazer releitura.
Nas minhas anotações, eu fazia pequenos fluxogramas.
Não eram mapas mentais coloridos e cheios de desenhos, eram fluxogramas simples e diretos, para não perder tempo, como este exemplo:
Basicamente, eu fazia “redes conceituais” conectando conceitos complementares, consequências, datas, fatos, prazos, etc.
Para a revisão, o propósito era que, ao bater o olho em algum punhado de palavras, eu me lembrasse do bloco de conteúdo como um todo, fazendo a recuperação ativa.
E eu fazia à mão porque, como defendido pelo Pierluigi Piazzi e outros pesquisadores, a escrita à mão é superior à digitação em termos de memorização.
Isso não é qualquer um que vai conseguir de primeira, afinal, eu já contava com longa experiência lendo, fichando, anotando, resumindo, resenhando, etc.
Além disso, esse tipo de anotação resumida por esquemas conceituais é superior ao resumo para a assimilação e compreensão, porque exige mais da sua mente em termos de categorizar, classificar e sintetizar o conteúdo.
Isso ajuda a compreender melhor e, claro, também aperfeiçoa a sua capacidade de compreensão ao longo do tempo, inclusive dentro daquela matéria e dos conceitos/princípios que estão interconectados nela.
Não faça cronograma de estudos
Eu me lembro que na época do ENEM, ensinaram-me a fazer isto:
Isso é péssimo… E quem já teve que ficar meses estudando, sabe do que estou dizendo.
Vamos supor que na segunda-feira você tenha passado mal.
Você vai perder o estudo de história, que só vai se repetir na sexta-feira, ou matemática, que só vai se repetir na quinta-feira.
Isso é ruim, pois são muitos dias sem rever a matéria, pode prejudicar a memorização e a assimilação do conteúdo.
Além disso, esses cronogramas engessados são extremamente frustrantes e desconfortáveis porque você fica preso a minutos, horas do dia.
Caso não consiga cumprir, você ficará mal e, muito provavelmente, irá abandoná-los porque não vai conseguir executá-los.
É aí que entram os ciclos de estudos, uma das minhas descobertas de gestão de tempo e de estudos mais sensacionais.
Em vez de agendar e cronogramar as matérias, os horários, distribuir por dias, é muito mais eficiente e eficaz fazer um ciclo de matérias e de práticas que vão se renovando.
Por exemplo, você faz um ciclo com 3 matérias:
Matemática financeira
Conhecimentos bancários
Português
Você estuda matemática financeira, depois conhecimentos bancários e português, e depois recomeça o ciclo. Se na segunda-feira você não pôde estudar, na terça você retoma o ciclo de onde parou.
Você se livra do engessamento da rotina e do tempo, se sente mais livre, mais disposto e, claro, isso leva a um círculo virtuoso de aprendizado, memorização e prática.
E é aí que entra o ciclo, não apenas de matérias, mas de práticas.
Essa eu aprendi com o Fernando Mesquita no Ciclo EARA (estudo, aplicação, revisão e adaptação).
Além de ler novos conteúdos, eu fazia questões e também, depois, revisava os conteúdos anteriores, por fim, passava por uma fase de “adaptação”, que é basicamente uma reflexão sobre como estava andando o estudo naquela matéria, se tinha algo a melhorar.
Como gerir a revisão? O método supremo
Revisar é preciso, e revisar com recuperação ativa é o mais indicado. Mas um ponto importante é gerir a revisão, os prazos, tempos, etc.
São muitas matérias e muitos conteúdos. Isso vai se tornando uma loucura.
Por isso, é importante ter uma espécie de registro das revisões e dos assuntos revisados.
Eu usava o método 1-7-30-30… Basicamente, eu revisava o conteúdo 1 dia depois de ter sido estudado, depois o revisava novamente 7 dias depois, e depois só de 30 em 30 dias.
Com o passar do tempo, isso se acumulava e a revisão começava a tomar mais tempo (afinal, você estaria revisando o que estudou no dia anterior, 7 dias antes e 30 dias atrás).
Nesse cenário, eu começava a cortar os assuntos revisados há 30 dias, e talvez mudasse para 60 dias, isso dependia do quão confiante eu me sentia e também do peso da matéria.
Eu só dei uma pincelada em alguns métodos e técnicas que eu usava, existem muitos outros e, por isso, recomendo aqueles dois canais.
Ou, se você tiver uma dúvida mais específica:
A dúvida e a insegurança nas matérias
Mas o caríssimo Vaz fez um questionamento importante também acerca do quanto se aprofundar e como se orientar nas matérias?
E é aqui que eu vou dar uma opinião bem simples e direta:
Compre um cursinho preparatório (recomendo o Estratégia Concursos).
Eu não sou afiliado deles (T-T), infelizmente, mas eu usei o curso do Estratégia e tenho a assinatura vitalícia, e recomendo totalmente.
Veja, eu gastei mais de R$ 3500,00, e não me arrependo.
Nos meus dois primeiros processos seletivos e nas duas provas do ENEM, eu estudei totalmente sem ajuda de cursinhos preparatórios. Mas uma coisa me perturbou muito: saber o que estudar e em qual profundidade.
Além disso, era horrível procurar materiais espalhados pela Internet, desatualizados e que não eram lá muito confiáveis.
Isso me perturbou e, por vezes, foquei demais em alguns assuntos enquanto erroneamente deixava outros de lado, e só fui perceber após as provas.
Quando eu fui enfrentar o meu primeiro concurso, decidi que não teria condições de competir pelas melhores vagas desse jeito.
Você até pode passar num concursinho municipal sem pagar cursinho, mas quando se fala em INSS, Caixa, BB e, principalmente, PF, PRF, Auditorias Fiscais, Legislativos Estaduais, etc. Aí sem cursinho você não tem a menor chance mesmo.
Eles fazem pesquisas estatísticas, simulados sob medida, materiais totalmente atualizados e preparados conforme os novos editais, com atualização pós-edital, e também no caso de PF e PRF, eu estava estudando a Trilha Estratégica.
A Trilha Estratégica é um plano de estudos sob medida, feita por um tutor e especialistas que moldam o conteúdo na profundidade certa e com o foco adequado, com comentários precisos sobre quais aspectos da matéria são relevantes.
Depois que comecei a estudar a Trilha, não me preocupei mais em “quê” focar e com qual profundidade estudar…
Claro que você pode fazer adaptações e ter suas próprias noções sobre como abordar o conteúdo, mas o pior nem é você fazer essa pesquisa e o levantamento por si mesmo: o pior é a insegurança e a incerteza que isso causa, perturbando a sua preparação.
“Será que não estou me focando demais nessa matéria? Será que eu não deveria estudar mais aquela outra matéria? E se cair isso? E aquilo lá…”
Essas dúvidas vão te consumindo e minando a sua confiança na preparação, perturbando a qualidade dela.
Sei bem disso porque passei por isso no meu histórico me preparando para provinhas.
Com cursinhos bons, não precisa ser do Estratégia (embora, particularmente, eu considere o melhor), esse problema simplesmente acaba.
E vale a pena!
Então, sugiro ao Vaz que, se o objetivo é um concurso de mais alto nível, invista num cursinho preparatório bom: Estratégia Concursos, Gran Cursos, etc.
Use as pesquisas estatísticas para se guiar, os planos de estudos, as análises de edital, etc.
Materiais grandes e técnicos
A última questão do Vaz foi sobre como lidar com materiais grandes e técnicos.
A solução é simples: prática da leitura com esquematização por conceitos.
Ao evitar resumos, você não perde tanto tempo, e ao praticar a esquematização por conceitos como eu fiz, você desenvolve maior capacidade de compreensão.
Quanto aos tecnicismos, com o passar do tempo (estudo, revisão e aplicação), você vai se familiarizar com os principais conceitos, princípios, fatos e isso vai se tornar natural para você.
Os tecnicismos obscuros vão começar a se tornar partes naturais do seu modo de pensar o tema. Isso sempre ocorre comigo, em qualquer estudo de conteúdo totalmente novo, seja para concurso ou não.
Eles só são “técnicos” demais pela falta de familiaridade conceitual e teórica com o assunto, coisa que vai desaparecer ao longo do estudo (ou deveria desaparecer), e quanto ao tamanho, se você se tornar cada vez melhor na esquematização, será capaz de cobrir grandes quantidades de textos e reduzí-los a alguns esquemas bem simples, pequenos, enxutos, fáceis para revisão.
O fim
Espero que com isso eu tenha dado uma boa luz não apenas ao Vaz, que promoveu o texto, mas a todos que estão trilhando essa jornada solitária de concursos públicos.
A verdade é que vale a pena… por enquanto.
Mas ser aprovado é apenas o começo do jogo.
Você não vai querer ficar 50 anos repetindo a mesma rotina e tendo reajustes salariais que provavelmente serão menores do que a inflação real.
É aí que entra o Bitcoin e também o empreendedorismo (digital).
No meu último texto, eu conto por que eu abandonei o game dos concursos públicos logo após a “primeira vitória” para tentar um caminho de prosperidade, liberdade e paz que ainda está aberto no mercado formal do Brasil.
Mas eu não sei até quando ficará aberto…
Como ficar rico no Bostil
Inicialmente, meu plano era chegar ao TOPO DO FUNCIONALISMO PÚBLICO, ou seja, me tornar a elite do serviço público. Mas eu mudei de perspectiva e de planos e agora...
Muito bom mestre continue trazendo esse conteúdo que realmente agrega valor
Excelente trabalho.