Entenda a INFLAÇÃO de uma vez por todas (e não fique mais pobre)
Entenda de uma vez por todas o que é a inflação e quais são as consequências dela para sua vida e, claro, vou te ensinar a como lidar com ela para não ser prejudicado.
Você sabe o que é inflação realmente? Você sabe quais são os efeitos dela na sua vida ao longo do tempo? Você sabe como ele afeta a economia de modo geral? Como ela afeta a sua riqueza e seus investimentos? Ela é boa, ruim ou indiferente?
Neste texto, eu vou responder essas e outras questões.
Ele será dividido em três partes:
Inflação para o senso comum;
Inflação na teoria mainstream e a inflação como é realmente;
Soluções individuais para lidar com a inflação.
Vou percorrer pelas noções do senso comum até chegar nas teorias sobre inflação e, posteriormente, vou apresentar a visão sobre a inflação que julgo ser correta.
Por fim, vou fazer um apanhado de soluções práticas efetivas para a realidade brasileira sobre como lidar com a inflação, já que não existe solução institucional e coletiva viável.
Inflação no senso comum
Como os analfabetos percebem a inflação
A maioria das pessoas possuem uma consciência superficial de que os preços aumentam, as coisas em geral ficam mais caras.
Eu fazia um experimento social interessante quando atendia o pessoal do INSS no Banco: eu dizia “o salário não dá mais para quase nada!”, e eles concordavam, citando os preços do saco de arroz, do saco de feijão, o preço dos remédios, dos exames, etc.
Eles também perguntavam sobre o “aumento dos salários”, quando e quanto seria.
E muitos reclamavam que esse aumento era muito baixo e não compensava a carestia.
De modo geral, as pessoas, mesmo não alfabetizadas, possuem noção de que o poder de compra de seus salários parece diminuir ou ficar estagnado frente às mercadorias.
Elas não sabem nomear e nem explicar, apenas percebem.
Um aumento pontual no preço de um produto não é inflação, mas quando tudo que faz parte do dia a dia da população fica mais caro, isso é chamado de inflação.
Assim, a noção comum de inflação é carestia generalizada: as coisas ficam mais caras, e são as coisas em geral, e não uma coisa pontual ou outra, é tudo que é relevante: gasolina, comida, roupas, eletrônicos, etc.
Um outro exemplo curioso também vem do meu aluguel.
Eu pagava um aluguel informalmente, não havia contrato e nem nada, eu negociava diretamente com uma senhora que não tinha sequer terminado o ensino médio.
Quando virou o ano, eu até pensei “será que ela fará o reajuste? Será que ela sabe o que é isso?”, por um mês até pensei que não, até que certo dia ela veio conversar comigo e comentou sobre o aumento.
A justificação dela foi curiosa: “vou ter que aumentar o aluguel, as coisas ficaram muito caras, sempre faço isso todo ano”.
Ou seja, mesmo uma senhora sem instrução, que nada sabe sobre IGPM ou IPCA, conseguiu constatar que tinha que aumentar o preço do aluguel.
Diga-se de passagem, enquanto meu salário reajustou 4%, ela reajustou o aluguel em 7,5%, e eu logo de cara percebi: isso aqui é insustentável no longo prazo!
Ali eu vi que eu precisava comprar um imóvel e travar uma parcela de financiamento com juros subsidiados.
Enfim, isso foi tema de outro texto meu.
Agora, vamos ao senso comum instruído sobre inflação.
A mídia, os “informados” e “instruídos”
No senso comum mais instruído, a inflação é acompanhada e medida principalmente por meio dos índices do governo: IPCA, IGPM, INCC, etc.
Diversos empresários, os Bancos, os investidores, usam esses indicadores para pensar e avaliar seus investimentos, negócios, reajustes de contratos, reprecificação de produtos, etc.
A economia, de certa forma, é indexada a esses índices.
Esses dados são divulgados mensalmente e muitos se informam por eles.
Neste nível, os NPCs percebem a inflação como o “aumento do nível de preços” que é medido pelo governo por meio desses índices.
O nível de preços é uma coisa mais abstrata, é como “a média dos preços em geral” da economia, e a medida disso é dada pelos índices (IPCA, por exemplo).
Porém, poucos se questionam:
Por que o nível de preços aumenta?
Por que o “aumento grande” é ruim, mas o pequeno não é?
Afinal, por que um nível de inflação de 4% a.a. é aceitável, mas 9% a.a. não é?
Isso é bem curioso, pois nem a mídia especializada entra nesses detalhes.
Os NPCs aceitam que a inflação existe, que ela é um fenômeno natural tal como o dia e a noite, e nada pode ser feito, apenas precisamos nos adaptar a essa realidade e criticar o governo quando o aumento do nível de preços acelera demais.
Além disso, os NPCs mais instruídos já reclamam aumentos reais nos salários.
Ou seja, eles já não caem no engodo do simples reajuste, eles querem aumentos acima da inflação (do IPCA, do IGPM, do INCC).
O NPC mais instruído sabe diferenciar o nominal do real.
Os investidores NPCs
Os investidores, que deveriam ser muito instruídos, de forma geral são engraçadamente enganados pelos reajustes nominais.
Você provavelmente já viu aquelas continhas do tipo “guarde 400 reais por mês e daqui 70 anos tenha um milhão”.
Alguns se deixam enganar.
“Oh que maravilha, então quando eu tiver 80 anos e estiver numa cadeira de rodas eu terei 1 milhão de reais, serei um milionário!!!”
Esse número é bonito mesmo, todos queremos ele (bom, mais ou menos… eu mesmo já penso em termos de unidades de BTCs, uma medida mais confiável para o longuíssimo prazo).
Porém, tem que se perguntar quanto que isso vai representar nos valores de hoje?
É preciso descontar a inflação.
E é aí que chegamos a uma verdade BRVTAL que muitos se recusam a aceitar e continuam se enganando: daqui 50, 60, 80 anos… 1 milhão vai ser equivalente TALVEZ a 100k de hoje, 80k de hoje, provavelmente até menos.
Os carros POPULARES já estão valendo 1/10 de milhão.
Algo que parecia absurdo até para mim há 5 anos atrás, agora vejo valores como 100k, 200k como normais (mas note que isso não representa os salários, que continuam estagnados nos 2k, 3k de 10 anos atrás).
Alguns investidores vão sim além disso e já pensam em termos de aumento real, aumento “descontado a inflação”.
Inclusive, em um estudo clássico, amplamente usado para defender os investimentos em ações, Jeremy Siegel demonstrou que as ações renderam 6,6% real a.a. em um período de 200 anos.
Então pode-se dizer que mesmo investindo em ações, que são os ativos mais “arriscados” da economia, você poderia esperar entre 5% a 8% a.a. de valorização “real”:

A inflação segundo a teoria e a mentira fatal
Indo além do senso comum, ignorante e instruído, vamos à teoria mainstream sobre inflação.
Usarei como base o livro Macroeconomia do professor de Harvard N. Gregory Mankiw:
Segundo o mainstream e a teoria clássica (teoria quantitativa da moeda), a inflação é principalmente causada pelo aumento da base monetária.
Neste ponto, já ocorre a diferenciação entre o aumento do nível de preços, o aumento da base monetária e os índices que medem a variação do nível de preços (IPCA, IGPM, etc.)
Mesmo o senso comum instruído é incapaz de pensar nesses termos, pois quando se questiona sobre a inflação, ele conclui que se trata de um fenômeno da produção e do comércio, e não um fenômeno monetário.
Ele também não percebe que está chamando o efeito pela causa.
A carestia generalizada é apenas um efeito da inflação mais fundamental, que é a inflação monetária.
Todos os teóricos acadêmicos aceitam uma relação entre aumento do nível de preços e aumento da base monetária.
Isso é provado tanto formalmente quanto por dados estatísticos:

Porém, a discordância a nível teórico e acadêmico se dá quanto ao papel da inflação, se ela é boa, ruim ou indiferente.
A maioria dos teóricos mainstream (monetaristas, keynesianos, teóricos clássicos da moeda) aceitam ou que ela é indiferente, ou que ela é boa em algum nível (ou em certas circunstâncias).
Os monetaristas, como o Milton Friedman, aceitam que ela é boa em algum nível mínimo, desde que controlada, e isso ocorre quando a expansão da base monetária segue regras fixas que acompanham o aumento da produtividade econômica.
Essa liquidez poderia ser manipulada em cenários de crises, como efetivamente ocorreu em 2008.
O FED, inclusive, agiu sob pressupostos teóricos do próprio Friedman que em seu livro clássico sobre a crise de 1929 culpou a inação do FED pela Grande Depressão econômica.
Os keynesianos aceitam que a inflação é um efeito colateral do remédio em cenários de recessão e depressão econômica. A inflação seria uma consequência das medidas para estimular a economia e reduzir o impacto das crises cíclicas intrínsecas do capitalismo.
O próprio Mankiw comenta que para a maioria dos economistas, a carestia e a dificuldade em viver sob inflação, é apenas uma percepção do público leigo, e os próprios economistas concordam que a inflação é boa ou indiferente.
Além disso, existe uma concordância acadêmica global de que a inflação se mede por índices de preços e, inclusive, os países seguem métodos e fórmulas padronizadas para gerar esses relatórios econômicos mensalmente e anualmente.
Um índice de preços (o IPCA, o INCC, o IGPM, o CPI dos Estados Unidos, etc.) nada mais é do que um índice que faz uma média de variação de preços de uma cesta específica de bens e serviços ao longo de um período (roupas, comida, preço do transporte, energia, aluguel, etc.)
Os índices mais populares são aqueles que usam uma cesta de consumo do “consumidor amplo”, uma cesta típica.
Ou seja, aquilo que mais está presente no dia a dia da população trabalhadora em geral.
Esses índices são usados para indexar contratos (de aluguel, de empréstimos, de consórcios, de salários, etc.)
A mentira fatal
Existe apenas uma Escola econômica que fala absolutamente mal da inflação e de seus efeitos perversos, em qualquer nível que seja, inclusive defendendo a abolição total de sua fonte (Bancos Centrais): a Escola Austríaca de Economia.
Os austríacos, como Rothbard, Hayek e Mises, consideram que todo o fenômeno da inflação, o efeito da impressão monetária, é perverso e gera consequências não-intencionais corrosivas e até destrutivas, e defendem o fim dos Bancos e da moeda fiat.
O que os teóricos mainstream desconsideram?
Eles desconsideram o Efeito Cantillon, o surgimento de ciclos econômicos inevitáveis, a distorção que a impressão monetária causa no comércio e na produção, que pode parecer boa, mas é má.
Por ironia, Keynes tem um trecho que resume bem o papel absolutamente negativo da inflação, porém ele atribui isso à hiperinflação (uma inflação “exagerada”), sem perceber que isso é, na verdade, o que ocorre em diversos graus com qualquer nível de inflação:
Num processo contínuo de inflação, o governo pode confiscar, secretamente e despercebido, uma parte importante da riqueza dos seus cidadãos. Por esse método, ele não apenas confisca, mas confisca arbitrariamente; e, enquanto o processo empobrece muitos, na verdade enriquece alguns. A visão desse arranjo arbitrário de ricos atinge não apenas a segurança, mas a confiança na equidade da distribuição existente de renda. Aqueles para os quais o sistema traz uma sorte inesperada... se tornam 'aproveitadores', e são objeto do ódio da burguesia, a quem a inflação empobreceu não menos do que o proletariado. Enquanto a inflação procede... todas as relações permanentes entre devedores e credores, que formam o fundamente definitivo do capitalismo, se tornam tão completamente desordenadas que passam a ser insignificantes...
John Maynard Keynes, The Economic Consequences of the Peace [As consequências econômicas da paz] (Londres, 1919), p. 220-33.
A inflação não é indiferente e nem boa.
Ela perturba os processos econômicos, os negócios, empobrece os trabalhadores assalariados que possuem um salário fixo anual, ela gera “mal-investments”, iludindo empresários para que aumentem os investimentos e a produção, quando não deveriam fazê-lo.
Ela entope o sistema financeiro e econômico de dívidas, estrangulando a produção futura ou tornando o sistema como um todo mais sensível e inapto para lidar com crises e externalidades negativas.
De tempos em tempos, isso causa períodos de recessão e depressão econômica, levando a falências generalizadas, inadimplência, empobrecimento e, claro, explosão da desigualdade: alguns poucos sortudos ou beneficiários do sistema ficam mais ricos às custas de todo o povo trabalhador e burguês.
Ela gera distorções e desigualdades, ela favorece devedores enquanto prejudica credores e o mais curioso, e talvez você não saiba disso, é que todos somos credores forçados.
Você e eu somos credores da dívida pública, que pagaremos ou via redução do nosso poder de compra ou via impostos, pagaremos de qualquer jeito.
Está vendo isso?!
É a conta inevitável da inflação.
Ou aumenta impostos ou vai haver erosão mais severa do valor da moeda e da base institucional.
Por isso o aumento de impostos é inevitável, independente do governo eleito, e é bom você se preparar para isso:
A relação entre índices de preços, aumento da base e os investimentos
Agora, vamos ao bom e velho debate: afinal de contas os investimentos que rendem acima “da inflação” (índices de preços) realmente rendem acima da inflação?
Como eu disse, os índices de preços são apenas medidas imperfeitas e aproximadas do efeito da impressão monetária na economia.
Eles tentam capturar aproximadamente o que está ocorrendo com os preços em geral.
Existem muitos que questionam a metodologia ou até mesmo a honestidade dos índices.
Eu mesmo não acredito que eles sejam fraudados, e nem acho que a metodologia em si seja ruim, eu acredito simplesmente que eles não devem ser usados como benchmark relevante.
Isso porque, como eu disse, eles capturam imperfeitamente o efeito da impressão monetária.
Enquanto a comida e a roupa aumentam de preço 30% em 5 anos, os carros aumentam 90%, e os imóveis triplicam de preço em poucos anos…
São bizarrices desse tipo que ocorrem quando você avalia sua riqueza em termos fiats.
Esse tipo de coisa geralmente fica de fora dos índices, razão pela qual nós bitcoiners zombamos de quem confia cegamente neles:
Então, o velho debate sobre retornos “acima da inflação” desconsidera o papel difuso e confuso da impressão monetária nos preços da economia.
Ela pode afetar mais bens e serviços duráveis, ou imóveis, ou, como vem ocorrendo desde 2008, os ativos, sobretudo financeiros.
O resultado?!
Quem investe na Bolsa americana enriquece às custas dos investidores do mundo todo, e quem compra Bitcoin enriquece em dólar às custas de todo mundo.
Por isso você tem que usar o M2 Global (medida de oferta monetária circulante ou potencialmente circulante) para chegar a uma conclusão mais próxima da verdade em relação à economia como um todo (e não em relação a alguns bens, serviços, ativos, etc.)
E vale ressaltar: você tem que pensar também seu próprio perfil de consumo e sua inflação pessoal.
A inflação é diferente a depender do estilo de vida do indivíduo e do tipo de bem ou serviço que ele consome rotineiramente.
Se não considerar isso, você será obliterado financeiramente, conforme comprovei neste meu texto:
Como se proteger da inflação?
Vou dar dicas e referenciar alguns textos meus que já trataram sobre o tema de forma aprofundada:
Vire funça de elite, pois você pode ter aumentos reais e ser um dos recebedores primários do dinheiro novo emitido (Efeito Cantillon). Tenho um texto com plano completo de preparação para concurso, clique aqui e leia.
Torne-se autônomo, pois autônomos possuem maior dinamismo para reajustar os próprios serviços e podem seguir outras métricas, tendo maior proteção contra a inflação real. Comentei sobre esta via aqui.
Torne-se empresário. Se você conseguir engatar um negócio razoável, com alguns funcionários e boa margem de lucro, você tem capacidade de manejar suas margens, seja mantendo estagnado o salário dos funcionários, seja repassando em preços para o consumidor. Falei sobre empreendedorismo aqui.
Vire maximalista de BTC. Já comentei em diversos textos que o melhor proxy do M2 Global será aquele que melhor te protege da inflação em geral, visto que ele captura ela na fonte (impressão monetária) e não nas consequências arbitrárias (aumentos de preços pela economia). Leia este aqui para se aprofundar.
Procure formas de se beneficiar da especulação com os fluxos irracionais de liquidez. Neste cenário de impressão infinita de moedas, diversos ativos sobem sem mais nem menos, como memecoins, ou certos instrumentos, quando bem utilizados, permitem “extrair mais dos mercados”. Comentei sobre isso neste meu texto em que falo sobre como ganhar dinheiro com mercados irracionais.
Aumente a resiliência da sua renda, proteja seu patrimônio e maximize ele.
Eu acabei de te ensinar como estar na ponta que “enriquece” a qual Keynes disse ser “arbitrária”.
Não é tão arbitrária assim, pois é possível enveredar por certos caminhos e práticas em que você se beneficia da inflação.
Se quer contribuir com meu trabalho (e com o meu combate pessoal à inflação haha), recebendo “informações privilegiadas” e conhecimentos verdadeiramente fora da matrix, considere se tornar um assinante.
Um forte abraço!
Sensacional Yohann!