Como subir na vida? Você tem 4 opções
Entenda as suas opções para subir na vida com esse esquema conceitual e teórico simples que me ajudou em 2021.
De tempos em tempos, pessoas vêm no meu Whatsapp e Email pedir conselhos sobre como subir na vida.
Alguns são subempregados, outros são empregados qualificados, já recebi pedidos de conselhos de herdeiros também.
E eu sempre dou conselhos genéricos, pois eu acredito que decisões desse tipo são bastante circunstanciais e dependem do conhecimento que cada indivíduo tem de si e do ambiente e, claro, do potencial próprio que ele possui.
A fórmula simples para tomar essas decisões mais amplas nesse aspecto consiste em duas partes:
Conhecer a si mesmo;.
Conhecer o ambiente.
Sobre conhecer a si mesmo, já fiz um texto abordando esse tema com técnicas eficazes de autoconhecimento (sem copes e sem bobagens pseudocientíficas vazias), depois você pode dar uma lida:
O segundo ponto geralmente envolve conhecimento de contexto (observações do dia a dia, reflexões, familiaridade) e também conhecimento teórico (sobretudo de sociologia e de microeconomia).
Neste sentido, quero te oferecer aqui conhetimentos teóricos que vão te ajudar a tomar essas decisões, foi o mapa que eu mesmo usei para entender o jogo e tomar decisões mais amplas.
As opções do jogo
Grosso modo, na economia você vai ocupar uma dessas 4 posições:
Empregado
Autônomo
Empresário
Investidor
Empregado
O empregado recebe uma renda, chamada de salário, e depende de contrato prévio e jornada pré-definida.
O empregado, via de regra, troca tempo por dinheiro, e troca um tempo definido por uma quantia definida de dinheiro, o que torna ele extremamente vulnerável à inflação e aos impostos.
Como seus ganhos não estão diretamente relacionados aos seus esforços, o empregado tende a estar à mercê do governo e da empresa para a qual ele trabalha e, também, ele se sente menos realizado e tende naturalmente a ter uma qualidade de vida menor.
No Brasil existem duas distorções interessantes: o emprego público e o subemprego.
Num contexto econômico saudável, o emprego público deveria ser tão medíocre ou até pior do que os empregos em geral, porém no contexto brasileiro eles concentram os maiores salários e uma estabilidade anômala:
O subemprego é outro subproduto de um país economicamente ruim.
É um emprego desqualificado, de baixo salário, com jornada extenuante e, pior, sem possibilidade de desenvolvimento ou crescimento.
Os empregos privados tendem a ser medíocres, mas os bons empregos, como os tops do mercado financeiro, exigem que você venda a sua alma para a corporação!
O preço dos altos salários do alto escalão corporativo é tão alto que vale mais a pena arriscar em negócios próprios ou sendo autônomo (falarei disso mais adiante).
O custo-benefício, a meu ver, não compensa em nada, mas como as pessoas geralmente são NPCs seguindo padrões, elas só seguem o caminho que a corporação oferece até o topo.
O final da história eu pude observar no Banco: os funcionários de alto escalão existem para o Banco e pelo Banco, até suas famílias ficam em plano secundário (não era incomum gerente divorciado porque a esposa e os filhos não quiseram acompanhar nas mudanças).
Os empregos públicos já tiveram seu auge no passado, mas agora para o longuíssimo prazo só estão valendo a pena os concursos de elite (como aqueles do Ministério Público).
Eu fiz um ótimo texto já entregando o essencial sobre preparação para concursos, reunindo dois anos de experiência (e algumas aprovações em processos e um concurso) e, também, alguns livros que devorei sobre o tema:
Dos subempregos, o melhor subemprego que existe é aquele em que você aprende alguma habilidade monetizável, ou seja, alguma habilidade que possa ser vendida como um serviço.
Por exemplo, fazer manutenção e instalação de ares-condicionados, ou manutenção de veículos (motos, carros ou caminhões), ou ainda, serviços técnicos em geral, como conserto de celulares, televisões e computadores.
Esses subempregos, apesar dos baixos salários e jornadas extenuantes, podem ser boas fontes de aprendizado.
Conheço dois casos de sucesso que seguiram por esse caminho.
Um amigo meu começou como ajudante de obras, fez engenharia, se tornou mestre de obras, saiu de emprego qualificado e se tornou consultor e, atualmente, é dono de uma construtora.
Ele levou cerca de 10 anos de muito trabalho nessa jornada.
Um padrinho meu começou ainda adolescente a trabalhar numa mecânica, aprendeu tudo sobre manutenção de veículos e sobre a gestão da mecânica e, quando o dono se aposentou, ele comprou a mecânica, e agora também revende carros, ele era o self-made man mais rico da família (porém, tomou decisões estúpidas na vara familiar e pelo que soube recentemente, ele estava praticamente falido).
Assim, a melhor jornada do empregado é aprender habilidades monetizáveis e abrir o próprio negócio dentro do ramo em que ele trabalha.
Também vale a pena considerar seguir por algum ramo familiar conhecido (como é o caso das “famílias de médicos” ou de “advogados” Brasil afora).
Ao adotar esse caminho, você já atua onde você tem uma boa familiaridade, o que te dá amplas vantagens contra quem está de fora.
A via do empregado e os cursos
Tome cuidado com os cursos, tanto técnicos quanto não-técnicos (faculdades).
Eles só são úteis na medida em que ajudam você a atingir uma posição maior no jogo.
Iniciar um curso sem ter isso em mente é loucura!
Foi-se o tempo em que você entrava numa faculdade e saia automaticamente bem empregado. Atualmente, nem sequer empregado você sai.
Assim, siga o exemplo do meu amigo da construtora: ele iniciou engenharia porque já trabalhava, já tinha parentes na área e já tinha planos em se aperfeiçoar no ramo e em chegar onde chegou.
Cursos que tomam muito tempo e ensinam pouco em termos de habilidades monetizáveis devem ser evitados, e aqui se encaixam de modo geral as licenciaturas (cursos de nível superior para ser professor).
Autônomo
Num cenário normal, o autônomo seria um degrau acima do empregado, em média.
Entretanto, no B0st1l isso não ocorre por causa da distorção do setor público (que inflaciona a renda dos funças) e também pelo corporativismo burocrático que vigora na economia (muita burocracia e mercado travado).
O autônomo tende a ter renda maior porque ele ganha por serviço prestado, e não por tempo trabalhado.
Ele não cumpre jornada pré-determinada, ele pode reajustar os preços de seus serviços com mais dinamismo, não sendo tão afetado pela diluição inflacionária:
Para ser um autônomo (conceitualmente falando), você só precisa ter uma habilidade que possa ser negociada como um serviço (saber edição, saber consertar celulares, computadores, veículos, gerir tráfego pago, etc.)
O autônomo também goza do privilégio de ter menos impostos e encargos sobre sua renda.
Certa vez fiz um cálculo por cima e, se não fossem os encargos diretos em cima do meu trabalho como bancário, eu poderia ganhar de R$ 2.000,00 a R$ 3.000,00 a mais por mês.
E eu considerei apenas os encargos e impostos diretos apenas, pois se considerasse os indiretos, talvez eu devesse ganhar pelo menos o dobro.
Isso explica porque no B0st1l um empregado de médio ou alto escalão do setor privado sente que trabalha muito e recebe muito pouco.
É porque na verdade boa parte da renda que ele deveria receber vai para o Estado, direta e indiretamente.
Parece que não compensa porque efetivamente não compensa.
Um amigo meu presta um serviço simples de consultoria de segurança e consegue tirar 10 mil reais por mês limpos, trabalhando provavelmente menos de 15 horas por semana.
Por que a renda dele é “tão alta”?
Na verdade, é porque não tem encargos.
Ele atua como PJ e não tem custos de infraestrutura ou coisa semelhante e, portanto, recebe o dinheiro “limpo”.
Muitos trabalhadores de médio e alto escalão do setor privado não recebem isso líquido por causa do Estado (os que ganham 6k, 7k, 8k, por aí), e trabalham muito mais!
A meu ver, os bons subempregos são os que te dão possibilidade de aprender algo que possa te fazer ser autônomo e, em alguns casos, esse serviço autônomo pode virar até um negócio.
Empresário
Os empresários, segundo a definição de Schumpeter e Kirzner, são indivíduos que criam estruturas e inovam para explorar oportunidades lucrativas.
Do ponto de vista formal, o empresário é também, geralmente, capitalista!
Ou seja, ele é o dono do negócio e, portanto, se o negócio se desenvolver o suficiente, ele pode auferir renda simplesmente por ser o titular da propriedade, sem precisar trabalhar.
Uma informação óbvia e idiota é de que os empresários são os homens mais ricos da sociedade (eles figuram nas listas dos mais ricos de todos os países e do mundo).
Mas não é qualquer empresário, geralmente são cantillonários, ou seja, empresários amigos do governo.
No Brasil, é comum que autônomos sejam tratados como empresários por causa da legislação imbecil, mas não confunda as coisas.
O empresário enriquece muito e muito mais rápido do que os outros porque ele recebe sua renda não do trabalho diretamente, mas da estrutura que ele montou, que muitas vezes é tocada por terceiros (empregados).
Ele goza, de forma geral, de mais escalabilidade e, muitas vezes, magnitude em seus ganhos.
O empresário pode ganhar por serviço prestado, mas não por ele mesmo (tal como o autônomo), mas sim por sua empresa (e seus empregados).
Uma pessoa só pode prestar um serviço por vez. Um empresário pode prestar dezenas de serviço por vez.
Não porque ele mesmo vai prestar, mas porque a estrutura que ele é dono presta.
Ele também ganha por produto vendido e, portanto, desfruta da alta escala de produção ou de vendas.
Ser empresário no B0stil é desafiador por causa da alta burocracia e dos altos custos para começar e manter um negócio. O risco é algo e, se der errado, pode levar uma pessoa à falência irreversível.
Já abordei longamente “a via do empresário” nesse texto:
Ser empresário é a única forma de enriquecer rápido de forma estratégica (sem depender de sorte), mas é extenuante, demorado, arriscado e custoso, sobretudo para os self-made man.
Quem é herdeiro tem mais chances aqui, quem é subempregado, via de regra, só consegue chegar aqui se fizer a trajetória:
Subemprego em que aprende uma habilidade monetizável;
Vende essa habilidade como serviço (autônomo);
Escala com instrumentos e contratações (negócio).
Eu exemplifiquei isso com a história do meu amigo e do meu padrinho.
Investidor
Teoricamente, antes do regime de juros negativos ser estabelecido, um investidor poderia auferir uma renda positiva passiva de seus investimentos, geralmente em Bolsas de Valores.
O investidor seria aquele que vive da renda de seus investimentos (geralmente, feitos ao longo da vida), que poderiam ser imóveis, ações, títulos de governo, metais preciosos, e assim vai.
Porém, como expliquei em outro texto, isso acabou!
O investidor, assim como o empresário, também vive de trabalho de terceiros.
As pessoas trabalham e geram valor, pagam juros, etc. e o investidor receberia isso na forma de dividendos e juros, meramente pelo fato de ser titular dessa propriedade fictícia (ações ou títulos de dívida, por exemplo).
Porém, as distorções causadas pela manipulação monetária faz com que esses juros e dividendos recebidos sejam, via de regra, negativos (em termos reais, considerando a expansão da base monetária).
Resta apenas o Bitcoin como solução de hedge contra o sistema fiduciário, já expliquei longamente o porquê em diversos textos e vídeos.
Você precisa dominar a autocustódia soberana, entender as implicações disso para a sua vida patrimonial, financeira e fiscal, e então acumular o máximo que puder ao longo de sua vida.
Caso você queira assessoria e um passo a passo completo para isso, sempre deixo aqui meu convite para o meu treinamento de Bitcoin:
Minhas opiniões sobre o seu plano
Não sei quais são as suas opções ou qual é o seu contexto, mas eu recomendaria que seu objetivo final fosse 1) acumular um patrimônio significativo em Bitcoin (por exemplo, 4 anos do seu custo de vida médio mensal) e 2) mudar para ser autônomo ou empresário.
Autônomos e empresários têm mais facilidade em gostar do que fazem, tanto é que muitos, mesmo podendo se aposentar, não se aposentam.
Sonho de aposentadoria geralmente é coisa de empregado.
Talvez um dia você entenda isso se você tiver alguma habilidade que goste de exercitar e possa ganhar dinheiro com ela, ou caso você construa um negócio próprio.
Ser autônomo tende a ser mais fácil do que ser empresário e, em muitos casos, é um passo em direção ao negócio próprio.
Portanto, vale a pena avaliar essa possibilidade antes de pular para a criação de um negócio.
Muitas vezes o que vai distinguir o autônomo do cara que tem um negócio é muito mais simples do que parece.
Pense em você sozinho consertando ares-condicionados, daí você contrata um ajudante, depois outro, depois outro, e você aluga uma sala comercial, você começa a revender peças e ares-condicionados…
O que diferenciou você autônomo de você empresário foi ter escalado e direcionado a força de trabalho de terceiros (dos ajudantes), e isso fez emergir uma estrutura lucrativa (sala comercial, estoque, funcionários, etc.)
Muitos negócios relativamente prósperos começam dessa forma “espontânea” (às vezes é até não-planejada e dá muito certo).
Além disso, dos subempregos, escolha o menos pior, que é aquele em que você pode aprender um ofício (habilidade vendável e importante).
A qualificação é importante, mas não nos termos genéricos que os NPCs fazem (iniciar uma faculdade qualquer sem estratégia, sem contexto), mas sim uma qualificação orientada para aperfeiçoar suas habilidades e suas capacidades para ganhar mais dinheiro.
Sobre os concursos, só recomendo estacionar e parar se for em um concurso de elite, mas não desconsidere usar o concurso como escada para se tornar um autônomo ou um empresário (sobretudo digital, pois vejo essa trajetória como vencedora e “fácil”).
Fiz um vídeo comentando essa trajetória:
O emprego no setor privado, via de regra, é horrível!
Não consigo ver vantagem, pois mesmo nos cargos bons com ótimos salários, você é forçado a ficar numa posição de servidão completa.
Isso se deve ao maior poder de barganha das (poucas) grandes corporações e ao fato da nossa economia ser subdesenvolvida.
Se for empreender, recomendo ter um bom “colchão” financeiro para tankar de 2 a 4 anos enquanto o negócio não engata, e também tenha um bom plano de negócios, tenha familiaridade com o ramo.
Enfim, esses são os meus conselhos “genéricos” para a sua trajetória, independentemente de qual seja ela.
O resto exige disciplina severa.
Recomendo o modo caverna e que dê all-in em autodesenvolvimento, caso esteja na parte mais baixa da pirâmide:
Um forte abraço e boa semana!
Eu tenho meu subsubemprego aqui, mas vou começar a tentar vender uns doces também pra ver se meus ganhos aumentam um pouco e eu consiga comprar um PCzin maroto pra empreender online. Caso os doces vendam, eu já posso pensar em aprender mais sobre isso e melhorar meu negócio.
A questão de não aprender com um trabalho útil é fato de mais, tempo atrás estive conversando com um cara que trabalhou na mesma empresa que eu, ele mesmo contou que ter se demitido (por fatores externos aliás) foi um evento que deveria ter acontecido antes, ele se manteve nela por acreditar que quando a empresa crescesse, ele cresceria junto, o que não foi o caso, agora trabalhando como pintor autônomo, sente mais ânimo e também recebe mais dinheiro. O aprendizado daquele trabalho dificilmente será usado e nas próprias palavras do colega "atrasei minha vida".